Exposição: ROUGE EST LA COULEUR DU SANG, de Raquel Costa
São 13 trabalhos em técnica mista (fotografia, desenho, pintura, colagem, modelação) onde a artista procura «uma espécie de poética do corpo que traduza, ainda que implicitamente, considerações sobre o amor, o medo, e a morte.»
A exposição mantém-se até ao dia 2 de Fevereiro até ao dia 9 de Fevereiro, podendo ser visitada no horário habitual de abertura das instalações da Espontânea (sextas e sábados, a partir das 22h).
A exposição mantém-se até ao dia 2 de Fevereiro até ao dia 9 de Fevereiro, podendo ser visitada no horário habitual de abertura das instalações da Espontânea (sextas e sábados, a partir das 22h).
«Assumindo as funções corporais enquanto uma espécie de linguagem simbólica, cada trabalho ilustra parcelarmente um processo de aquisição da consciência do corpo: de que é feito? para que serve? será que eu sou o meu corpo? Explorando simbolicamente essas mesmas funções corporais enquanto veículo de percepção das suas limitações e possibilidades, cada ilustração exibe ainda a marca autobiográfica de uma identidade: é a artista que investiga o seu próprio corpo, deixando sempre presentes vestígios da forte carga poética e literária que sustenta todo o processo criativo. No fundo, procura-se uma espécie de poética do corpo que traduza, ainda que implicitamente, considerações sobre o amor, o medo, e a morte. São resgatados os símbolos usuais — o coração, a cabeça, as vísceras — e depois exploradas as metáforas habituais com uma intenção de desconcerto: se o próprio corpo falha e adoece e dói, para que lhe serve ainda a invenção do amor?
É evocada a frase de Louise Bourgeois: rouge est la couleur du sang. Esse é o símbolo primordial, do qual tudo emerge; a redundância — constatação do óbvio — da expressão designa ela própria uma manifestação da consciência da forte carga simbólica da cor. Vermelho é a cor do sangue, e o sangue carrega em si todas as possibilidades da vida, todas as possibilidades do corpo: a fecundidade, o amor, a fragilidade, a ferida, a dor, a morte.
Este processo ilustrativo tem início com um poema de Margaret Atwood, The woman who could not live with her faulty heart:
É evocada a frase de Louise Bourgeois: rouge est la couleur du sang. Esse é o símbolo primordial, do qual tudo emerge; a redundância — constatação do óbvio — da expressão designa ela própria uma manifestação da consciência da forte carga simbólica da cor. Vermelho é a cor do sangue, e o sangue carrega em si todas as possibilidades da vida, todas as possibilidades do corpo: a fecundidade, o amor, a fragilidade, a ferida, a dor, a morte.
Este processo ilustrativo tem início com um poema de Margaret Atwood, The woman who could not live with her faulty heart:
I do not mean the symbol
of love, a candy shape
to decorate cakes with,
the heart that is supposed
to belong or break;
I mean this lump of muscle
that contracts like a flayed biceps,
purple-blue, with its skin of suet,
its skin of gristle, this isolate,
this caved hermit, unshelled
turtle, this one lungful of blood,
no happy plateful.
All hearts float in their own
deep oceans of no light,
wetblack and glimmering,
their four mouths gulping like fish.
Hearts are said to pound:
this is to be expected, the heart's
regular struggle against being drowned.
But most hearts say, I want, I want,
I want, I want. My heart
is more duplicitious,
though no twin as I once thought.
It says, I want, I don't want, I
want, and then a pause.
It forces me to listen,
and at night it is the infra-red
third eye that remains open
while the other two are sleeping
but refuses to say what it has seen.
It is a constant pestering
in my ears, a caught moth, limping drum,
a child's fist beating
itself against the bedsprings:
I want, I don't want.
How can one live with such a heart?
Long ago I gave up singing
to it, it will never be satisfied or lulled.
One night I will say to it:
Heart, be still,
and it will.
of love, a candy shape
to decorate cakes with,
the heart that is supposed
to belong or break;
I mean this lump of muscle
that contracts like a flayed biceps,
purple-blue, with its skin of suet,
its skin of gristle, this isolate,
this caved hermit, unshelled
turtle, this one lungful of blood,
no happy plateful.
All hearts float in their own
deep oceans of no light,
wetblack and glimmering,
their four mouths gulping like fish.
Hearts are said to pound:
this is to be expected, the heart's
regular struggle against being drowned.
But most hearts say, I want, I want,
I want, I want. My heart
is more duplicitious,
though no twin as I once thought.
It says, I want, I don't want, I
want, and then a pause.
It forces me to listen,
and at night it is the infra-red
third eye that remains open
while the other two are sleeping
but refuses to say what it has seen.
It is a constant pestering
in my ears, a caught moth, limping drum,
a child's fist beating
itself against the bedsprings:
I want, I don't want.
How can one live with such a heart?
Long ago I gave up singing
to it, it will never be satisfied or lulled.
One night I will say to it:
Heart, be still,
and it will.