2008/10/06

Sábado, 11: Azevedo Silva

cartaz
Sábado, 11 de Outubro, Azevedo Silva regressa à Espontânea para o concerto de apresentação do seu segundo trabalho, "Autista".

Para quem já conhece, eis a oportunidade de reencontrar o cantor que nos trouxe "Tartaruga", agora num registo mais maduro, perdida que foi a inocência.
Para quem não conhece, já está na hora de hora de colmatar essa lacuna, não?

Seja qual for o caso, Apareçam!
O concerto está marcado para começar às 22h30 (fuso horário da Espontânea).


MySpace: www.myspace.com/projectoparalelo

Era uma vez — e é assim que começam todas as boas histórias. “Autista”, segundo disco de Azevedo Silva, é um exercício de tristeza, isolamento Azevedo Silva na Espontâneae quase solidão. É a ironia da percepção de quem vive num mundo próprio rodeado de gente, porque afinal somos todos um pouco assim: autistas. Neste universo — paralelo, pois claro! — a realidade é um acto demasiado consciente. O mundo é ensaiado numa guitarra acústica e outra amplificada, onde as faixas versam sobre personagens de amor e ódio.
É fácil assegurar que “Autista” se segue a “Tartaruga”, o primeiro, não pela vulgar maturidade, antes pela — e é diferente — perda de ingenuidade. Se “Tartaruga” andou à deriva por este mundo fora, “Autista” faz-nos parecer que conhece o caminho: é mais intenso, mais pesado e mais envolvente. Adulto, diria. Este cancioneiro não será, por isso, amor à primeira vista, nem amor que se sabe para a vida — ou a morte — inteira. É possível consolidar a premissa após repetidas audições, de olhos fechados, sem interlúdio.
Canta-se com a alma de outros tempos, a de sempre. A pena faz parte do seu timbre, do tom de quem é um contador de histórias, de barba feita, mas sem rugas, sentado numa esquina qualquer. Os transeuntes jamais terão a percepção exacta daquilo que é ou daquilo que canta — um pobre diabo? A atitude é claramente dicotómica, Azevedo Silva 'chiaroscuro'entre a auto-exclusão por opção em “sabe a pouco o que a vida nos reservou”; e a exclusão forçada que resulta num lamento desolado e descrente: “alguém que pare o mundo que eu quero sair”. Talvez em “Autista”, tenha criado um mundo só seu, onde é mais difícil entrar. Há que saltar o muro.
Azevedo Silva regressa. Azevedo Silva veio para ficar, percebe-se. Há que ter em conta as edições anuais que nos tem oferecido. As influências continuam em Zeca Afonso, sem preconceitos, com humildade e, sobretudo, atitude. “Autista” é despido e despojado. Os arranjos são, a par da beleza, subliminares. A simplicidade nada fica a dever à intensidade das canções que se fazem ouvir. Aqui a guitarra continua a ser o melhor instrumento para dar forma às vozes que dentro de si, sem rasto, querem sair. E saem mesmo.

1 Comentários:

Blogger O Puto disse...

Apesar de não ter assistido ao concerto na íntegra, na acolhedora "sala dos meninos", pude novamente confirmar e encantar-me com o talento do Luís e do F'lipe. As composições simples e sublimes só vêm confirmar o grande valor que passou na Espontânea pela terceira vez.

15/10/08 11:48  

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